Fraude e Engano Intencional em Pesquisa Científica e Acadêmica
‘Oh, que teia emaranhada tecemos Quando pela primeira vez praticamos enganar.’ (Sir Walter Scott, ‘Marmion’)
Casos de fraude em pesquisas acadêmicas e científicas estão aumentando. Seja essa tendência atribuída à competição e pressões para publicação, sistemas problemáticos de recompensa pelo trabalho acadêmico, tecnologias atuais que facilitam práticas fraudulentas ou tecnologias similares que tornam a detecção de fraudes em pesquisas mais eficaz, as consequências são desastrosas. A descoberta está no cerne da pesquisa científica e acadêmica, e resultados fraudulentos que foram fabricados ou falsificados para publicação minam completamente esse ideal. Pesquisadores devem poder confiar no trabalho de seus colegas e pares como pesquisas autênticas e factuais que podem ser usadas, citadas, replicadas e desenvolvidas. Quando trabalhos fraudulentos são disseminados e lidos como pesquisas sérias, tempo e recursos são frequentemente desperdiçados não apenas pelas equipes de publicação, mas também por outros pesquisadores que perseguem, às vezes repetidamente, caminhos que acabarão por se mostrar infrutíferos, indicados pela pesquisa fraudulenta – tempo e recursos que poderiam ter sido melhor empregados na condução de pesquisas de real valor para resolver problemas genuínos. Quando a fraude em pesquisa é detectada em documentos publicados, geralmente ocorrem retratações e outras ações disciplinares, e publicações que dependiam dos dados fraudulentos podem se tornar tão redundantes e até tão manchadas quanto a publicação que criou o problema.
Para piorar a situação, em alguns casos (como pesquisas relacionadas à saúde pública ou programas sociais), os problemas investigados são questões sérias que afetam vidas reais e comunidades. Nos últimos anos, houve alguns casos verdadeiramente abomináveis de fraude em pesquisas acadêmicas e científicas que demonstraram um completo desrespeito não apenas pela integridade da pesquisa e pelos padrões acadêmicos, mas pela sociedade como um todo e, particularmente, por aqueles indivíduos cujas vidas poderiam ter sido melhoradas por investigadores honestos envolvidos em pesquisas autênticas. A publicidade em torno dos piores casos de fraude em pesquisas acadêmicas e científicas lança uma má impressão sobre todos os pesquisadores profissionais, mas que pode se mostrar construtiva a longo prazo se conseguir chamar a atenção para a gravidade das práticas fraudulentas na pesquisa e lembrar acadêmicos e cientistas de algumas das muitas razões convincentes pelas quais é tão imperativo evitar a fraude em suas próprias pesquisas.
Embora as definições de fraude em pesquisas acadêmicas e científicas variem, existem duas atividades que sempre surgem nas discussões sobre fraude em pesquisa:
1. A fabricação de processos de pesquisa, dados ou resultados em documentos acadêmicos e científicos formalmente publicados. Isso pode envolver a adição de apenas alguns resultados fabricados de um único experimento que nunca foi realmente realizado, a fim de apoiar resultados genuínos que, por si só, não apresentariam um caso convincente para a hipótese ou argumento de um pesquisador. Por outro lado, um projeto de pesquisa inteiro pode ser fabricado, com a metodologia, resultados, figuras, tabelas e outros elementos da publicação criados de forma fictícia ou emprestados e adaptados de outras fontes, mas nenhuma das pesquisas e análises realmente feitas pelo autor ou autores que a publicam.
2. A falsificação de processos de pesquisa, dados ou resultados em documentos acadêmicos e científicos formalmente publicados. Em vez de inventar completamente ou combinar pedaços de informações emprestadas, os perpetradores culpados de falsificar dados de pesquisa geralmente alteram (às vezes um pouco; às vezes consideravelmente) ou de outra forma 'manipulam' os resultados obtidos por meio de sua pesquisa genuína para chegar a conclusões mais alinhadas com um objetivo imediato. Esse objetivo pode ser apoiar uma hipótese específica, adequar-se às preferências de publicação de um periódico de alto impacto ou atender às necessidades de um órgão financiador privado, com imagens e outras evidências sendo manipuladas para alcançar os resultados desejados.
O plágio é frequentemente discutido juntamente com essas formas de fraude na pesquisa acadêmica e científica, e com razão. Plágio é pegar emprestado ou roubar as palavras, ideias, dados, imagens, resultados, interpretações, argumentos ou outra propriedade intelectual de outro autor ou pesquisador sem reconhecê-los adequadamente. Seja o roubo intencional ou não, ainda é plágio, mas quando o plágio é intencional, é uma forma de fraude – publicar conscientemente e deliberadamente o trabalho de outro sob a falsa suposição de que é seu próprio trabalho. A intenção é uma questão chave nos outros dois tipos de fraude que descrevo acima também. Embora possa parecer impossível fabricar ou falsificar dados de pesquisa sem intenção, muitos pesquisadores acusados de fraude afirmaram que não houve intenção de enganar e que a má conduta detectada em seu trabalho foi acidental, especificamente resultado de erros, zelo excessivo, negligência ou estudantes e assistentes inexperientes. Em alguns casos, as alegações podem ser verdadeiras: imagens podem ser manipuladas, por exemplo, com o objetivo principal de melhorar a clareza dos achados para os leitores, mas com o efeito não intencional de induzi-los ao erro. Esse tipo de defesa é terreno escorregadio, no entanto, já que autores acadêmicos e científicos são responsáveis pela integridade e validade de todos os aspectos da pesquisa que publicam. Um terreno mais seguro está sob os pés daqueles pesquisadores que permanecem honestos e conscienciosos em seu trabalho, seguindo as diretrizes éticas de suas instituições e editoras para produzir pesquisas autênticas que terão valor imediato e duradouro para revisores, leitores e a sociedade como um todo.
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